Friday, February 15, 2008
Menino de tudo
Sorriso lhe falta, os olhos vermelhos
Avidez alta, vão-se os conselhos
Menino de luta, menino de raça
Menino de rua, menino de praça.
Menino correndo pula o balcão
Padeiro gritando: “Pega ladrão!”
Menino tropeça em cima da moça
Que não vê em seu braço a hora.
Grita e chora (meu relógio de ouro!)
Menino correndo, quase cai no chão
Sabe que é precioso o que tem em sua mão.
É perseguido, é um ladrão
Menino sentido de pé no chão.
Barulhos de tiros, disparos então
“Deixa que eu miro”, fala o capitão.
Respiração cansada, fecha a mão
Boca calada, migalhas ao chão.
Sorrisos distantes, alguém festeja:
“Eu o acertei antes, vem e veja”
Menino correndo, menino parado,
Menino caído, menino calado.
O sangue passeia em seu corpo pequeno,
Olhos parados no rosto moreno.
Menino pequeno, menino distante,
Pequeno menino, menino gigante.
Menino de lua, menino de taça,
Menino de tudo, até mesmo de pasta.
Menino de rua o chamam assim,
Menino de tudo, menos de mim.
Estás tão quieto deitado no chão,
Esta é a meta, matar o ladrão?
Relógio de ouro! Relógio de prata!
Menino de rua, menino de lata.
Agora está fácil, menino no chão
Fechado os olhos, também sua mão.
Relógio de ouro, onde estará?
“Na mão do menino, é claro, está lá.”
Usando a força lhe abrem a mão.
Que grande surpresa, que confusão,
Na mão do menino um pedaço de pão.
Moça convicta, o menino levou,
Mas antes que insista, recorda
Na bolsa guardou...
Quando corria admirava assim:
“Nunca pelo pão tantos atrás de mim!”
Procura na bolsa com satisfação
E traz em seguida o relógio na mão.
Relógio de ouro em sua mão,
Menino de rua deitado no chão.
Menino de rua, menino faminto
Menino de lua, menino eu não minto
Menino é só tua
Esta profunda fome
Menino de rua, menino não come.
Djenane Kênia Azevedo
E-Mail djenia01@yahoo.com.br
Rabiscado Por Poetisa
Hora 7:37 AM
|
Acessos:
Poetisa
Pequena Fagulha
::Linke-me::

::Award::

Awards Que Ganhei
Links
::Arquivos::
